sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

9. A nossa alimentação

Num tempo em que os recursos eram, no geral, muito escassos e nem sempre as formas de ganhar a vida eram consistentes ou bem remuneradas, os reflexos na própria alimentação das pessoas não deixava de se fazer sentir.
E mais ainda nos centros urbanos, onde as pessoas não tinham o recurso à horta e aos seus produtos agrícolas ou as possibilidades de uma escolha proporcionada pela criação de animais de abate, que muitas vezes eram transformados no suporte alimentar de quem, como nós, vivia numa quinta.
Tal como minha mãe dizia, havia sempre fartura de tudo o que era essencial, mesmo que pudesse ser limitada quanto a uma guloseima, sobremesa ou bolinhos, que geralmente só apareciam em dias de festa.
Também os hábitos alimentares eram diferentes dos de hoje.
E por isso ser normal que, logo como primeira refeição da manhã, surgisse um prato de sopa, um prato de batatas, um prato de feijão, fosse do grande ou do pequeno, e só depois uma caneca de café, ou melhor dito, com sabor a café pois se tratava de uma mistura de cevada na sua maior composição e porventura uma porção mínima de café.
Recordo ouvir tratá-la por chicória.
Mas o que também muito apreciava era a miga de pão com leite, o que era bastante usual, por termos na vaca a fornecedora de tal alimento.
Mas dele também por vezes se fazia manteiga, o que a tornava de características muito próprias de nossa casa, sendo o seu fabrico derivado da ajuda de muitos de nós, por ser necessário bater muito o leite coalhado até se conseguir o produto final.
As leguminosas estavam sempre presentes, tal como a massa ou o arroz, que se tornava necessário adquirir na mercearia.

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