terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

12. Vamos aos ninhos ?

Por diversas vezes este convite foi feito e por muitas vezes foi por mim aceite, sem quaisquer consequências.
Mas quando naquele domingo os meus companheiros vieram dizer que iam aos ninhos e me convidaram para ir com eles, eu devia ter recusado.
Mas não recusei e fui, sabendo o compromisso que tinha.
Chegada a hora da catequese, não apareci em casa e depressa fui procurado por um irmão para que fosse junto da mãe.
Como é natural, não me livrei de uma valente sova e aprendi a lição para o domingo seguinte.
A partir daí e para que não houvesse dúvidas quanto à ida à catequese e à missa, quando chegava a casa teria de dizer o nome do celebrante, a cor dos paramentos, a homilia e não sei que mais.
Da inconsciência da garotada resultavam esses comportamentos para com seres que não faziam qualquer mal aos humanos.
Mas retirar ovos ou alguns pássaros acabados de nascer, aconteceu comigo próprio e não sei se alguma vez fiz o gesto de me opor a que se fizesse.
Correndo o risco de cair, trepávamos pelas árvores acima e depois era o divertimento para atingir com os ovos os que ficavam por baixo.
Quando já crescidas, algumas espécies de pássaros eram levadas e metidas em gaiolas, tal acontecendo com as aves canoras, como pintassilgos e rouxinóis.
Até os melros serviam para serem engaiolados e, enquanto pequenos, a gaiola era deixada perto do local do ninho, de modo que os pais continuavam a alimentá-los.
Mas não raro nos dávamos conta de que os melros morriam dentro da gaiola.
Tal acontecia na fase em que os pais tentavam que os filhos os acompanhassem nos primeiros voos.
Como não conseguiam tirá-los dali, davam-lhes bagas venenosas que os matavam.
Se na altura não nos era dado compreender a mensagem, ela é bem clara.
É que sem liberdade é preferível morrer e, neste caso, os próprios pais se encarregavam de o pôr em prática.
Minha mãe sempre foi extremamente religiosa e os filhos tinham de seguir todos os passos próprios de um bom cristão.
Não posso mal dizer, pois, ter apanhado aquele castigo.

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