domingo, 14 de fevereiro de 2010

13. Os nossos brinquedos

Não foi fácil ter o meu primeiro brinquedo vindo de uma fábrica, onde outras pessoas os faziam para meninos que os podiam comprar.
Era um carro já moldado em chapa, e até matrícula tinha.
Mas não foi comprado, porque o dinheiro de meus pais não era esbanjado com brinquedos deste tipo.
Dando para comer e para comprar o essencial, já era bom.
Mas como a imaginação não nos faltava, também as brincadeiras não deixavam de existir por falta de brinquedos, porque na verdade todos os brinquedos se podiam inventar.
E nós inventámos muitos.
Desde as debulhadeiras com carretos dentados, feitos dos carrinhos de linhas utilizados pelas minhas irmãs na confecção de peças de costura, até aos carros e às trotinetas feitas de rolamentos de esferas, tudo fazia parte do nosso engenho para construir brinquedos.
De tal forma eram cobiçados, que por vezes nos propunham trocas por esses outros feitos em fábrica.
Foi assim que dum conjunto de carros de linha metidos num arame com pegadeira, dispostos uns sobre os outros e com diversas voltas e reviravoltas para o tornar mais invulgar na sua forma, veio a troca para o tal carro moldado em chapa e com matrícula.
E então sim, passei a ter um brinquedo de gente rica.

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